Quando certos assuntos são considerados tabu, quando se censura as pessoas porque escolhem abordar temas “fracturantes,” os problemas ficam enterrados e, mais tarde ou mais cedo, vão explodir-nos na cara. Quem quisesse falar da pederastia na Igreja Católica há 15 ou 30 anos atrás era rodeado de um muro de silêncio e opróbrio.
Hoje os novos tabus são:
1) a imigração ilegal e os excessos migratórios que estão a levar a uma autêntica substituição de populações e respectivos mundos culturais em vários países da Europa e, muito em breve, no continente como um todo, e, indissociavelmente:
2) a expansão do Islão na Europa, uma ideologia não apenas religiosa como política e cuja dimensão jurídica, a Sharia, é totalmente incompatível com os valores e os sistemas jurídicos Europeus e Ocidentais, como o reconheceu recentemente o próprio Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Hoje é-se apodado de racista por pessoas ignorantes e ideologicamente possuídas pelo simples delito de abordar estes temas, evocar factos públicos ou exprimir opiniões pessoais.
Em Portugal, o pensamento crítico é geralmente débil e obnibulado pelos sentimentos colectivos instigados pelos líderes de opinião, eles próprios meros transcriptores das opiniões que se traficam na CNN, no Le Monde ou no New York Times.
É por isso tanto mais irónico observar a reverência folclórica com que seniores e juniores se revêem no espelho lisonjeiro da abolição do mítico lápis azul, uma abolição na qual pouquíssimos participaram e que nos serve de pretexto à ilusão de que podemos disfrutar de uma liberdade sem que tenhamos de exercer um esforço e uma responsabilidade proporcionais.
Ao contrário do que muitos julgam, a censura exercida pelo Estado não é o único nem o maior inimigo da liberdade de expressão. Ela é apenas o sintoma final permitido pela cultura do silêncio. As brandas admoestações e o discreto ostracismo a que as pessoas de bem votam quem ousa abordar os “temas fracturantes” são o fundamento e o pressuposto sobre o qual a censura de Estado repousa.
Por isso, retenho a distinção vincada entre:
1) os verdadeiros amantes da liberdade, que exprimem com coragem as suas opiniões e acolhem liberalmente as dos outros e
2) os pequenos hipócritas, que hoje deploram o lápis azul, como convém às pessoas de bem, mas que, no mesmo fôlego, lamentam que certas pessoas e opiniões tenham acesso à palavra pública (que lhes seja dada uma “plataforma,” como está na moda dizer-se).
Cada um, pelos seus actos e omissões, contribui para construir o país em que quer viver.