segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Só uma Europa

As histórias dos migrantes ilegais são quase sempre dramáticas, como nos mostra este raro relato sobre o mais recente grupo transportado pelo Aquarius. Mesmo a história da família que pagou 5000€ por lugares num barco de madeira. Ou a da designer de fatos de banho que trabalha para uma empresa Italiana e está habituada a viajar pelo mundo fora. Mas deixam-nos com a desagradável sensação que não são os mais frágeis e necessitados que conseguem pagar o caminho até alguns quilómetros de distância da costa Líbia onde os barcos das NGOs, coordenados para o efeito com os traficantes, os apanham. Lembram-nos também que nem dez Europas seriam suficientes para acolher todos os que no mundo gostariam de aí viver. Infelizmente apenas temos uma Europa, sujeita hoje a um influxo migratório sem precedentes, oriundo sobretudo de partes do mundo dominadas por uma ideologia (Islão) incompatível com os nossos valores democráticos e liberais. Todavia, mau grado o blackout informativo dos principais media e as suas políticas de (não) reportagem de tudo o que associe um evento violento a migrantes ou ao Islão, os cidadãos europeus começam a aperceber-se de que as políticas migratórias dos últimos anos, e décadas até, têm consequências e custos que nunca lhes foram francamente explicados e que hoje em dia lhes estão a ser activamente ocultados.

domingo, 30 de setembro de 2018

Ideologia, Reflexividade, Sistema


Um dos principais efeitos, que é também um dos principais modos de acção, da ideologia é a destruição de duas faculdades essenciais ao pensamento crítico: a reflexividade e a visão de sistema. 

Estas faculdades estão intimamente associadas. A reflexividade é capacidade de se ver a si mesmo e de ter em conta o efeito das ações próprias no contexto. A visão de sistema é a capacidade prática de compreender que, num dado contexto, uma causa não ocasiona apenas os seus efeitos imediatos, mas que estes efeitos se tornam, por sua vez, em novas causas que produzem novos efeitos e assim sucessivamente, até que, potencialmente, a instância causal originária pode ser por sua vez afetada.

Dada a mutilação destas duas faculdades, o pensamento ideologicamente possuído julga as ações em termos das intenções explícitas ou superficiais que as animam. Escamoteia assim o complexo de motivações subjacentes às acções e, o que é pior, ignora os seus efeitos totais no mundo.

Deste modo, o pensamento possuído pela ideologia confronta-se com um déficit interpretativo quando confrontado com a progenitura das suas acções (ex. mortes de migrantes no mediterrâneo, fome e ruína económica na Venezuela) que não reconhece como sua. Um recurso habitual são os (percebidos como) inimigos da ideologia, a cujas acções ou manigâncias são atribuídas as consequências indesejáveis das acções dos ideólogos.