sexta-feira, 22 de novembro de 2019

É isto o melhor que conseguimos fazer?



A propósito da miséria do SNS, que não é de hoje nem da última década, mas um fenómeno imutável da paisagem em que cresci, proponho aos meus concidadãos uma reflexão sobre o nosso destino comum. 

Para nosso grande infortúnio, não fomos colonizados nos últimos séculos, pelo que não podemos imputar a um antigo colonizador os nossos problemas.

Não obstante poucos dela fazerem uso, gozamos de uma razoável liberdade de palavra que nos deveria permitir identificar, detalhar os problemas, debater as suas causas e os eventuais remédios par lhes fazer face, e nos coordenarmos na sua resolução.

Todos os cidadãos adultos têm o direito de voto e, regra geral, e não obstante as insuficiências do sistema político representativo, os votos são fielmente registados e contados. Nada nem ninguém impede a maioria que se abstém de ir às urnas de o fazer.

O sistema de saúde que temos emana dos políticos que temos livremente eleito durante os últimos 45 anos, dos debates que temos podido conduzir em liberdade, não apenas da parte do Estado como da parte dos outros Portugueses, geralmente tolerantes face a opiniões políticas diferentes das suas.

Depois de 45 anos de democracia, sem dúvida imperfeita como todas, mas com as imperfeições que nos são próprias, em consciência, devemos colocar-nos a pergunta:

“E se isto for o melhor que conseguimos fazer?”

No meu pessoal juízo, quem a esta pergunta responder que podemos fazer melhor, tem as mesmas obrigações que se imporiam a quem, a um doente crónico ou condenado, dissesse que a sua doença é curável: deveria então explicar, precisamente, de forma racional e empírica, como. Como é possível fazer melhor. Com argumentos racionais e empíricos, por favor. De boas intenções, como de boas almas, está o inferno do nosso cansaço cheio.

 No caso do SNS, uma tal explicação teria de recuar aos fundamentos do quadro de pensamento no qual ele foi concebido e no qual todas as soluções para os seus problemas têm sido concebidas. Depois de  décadas a tentar reparar um sistema que teima em funcionar de forma muito insatisfatória, é hora, já passa da hora de colectivamente nos perguntarmos se não haverá algo de errado com os próprios pressupostos que presidiram à criação do SNS.

O SNS é uma coisa. Uma coisa que foi feita por pessoas. A maior parte de nós é demasiado nova para ter participado na concepção, na construção ou até na aprovação da arquitectura fundamental do actual SNS. Mas nós também somos pessoas. É da mais elementar sensatez não mudarmos o que temos senão com cautela e depois de nos termos esforçado por compreender o que pretendemos mudar. Mas podemos mudar as coisas. E como o SNS não é uma vaca sagrada e foi construído por pessoas como nós, as suas insuficiências crónicas são razão suficiente para examinarmos sem falsas piedades os pressupostos, sejam eles empíricos ou ideológicos, dos que o construíram.


Se, após um tal exame concluirmos que os princípios em que assenta o SNS são sãos, que as várias décadas de experiência da concretização da sua ideia original confirmam a validade e, especificamente, a utilidade daqueles princípios, então talvez isto seja de facto o melhor que conseguimos fazer.

domingo, 17 de novembro de 2019

A esquerda: da bondade das intenções à catástrofe das consequências


É boa ideia obrigar ao englobamento dos rendimentos prediais e de capitais, como defende o Bloco de Esquerda, ou estamos diante do velho hábito da esquerda: defender políticas de boas intenções mas recusando encarar as consequências?

Quem “ganha milhões” com rendimentos prediais e de capitais encontrará inúmeras maneiras de se subtrair ao aumento da tributação desejado pelas luminárias do Bloco de Esquerda. A começar por domiciliar-se fiscalmente num país mais favorável. E como é fácil fazê-lo agora com a UE! Mas melhor e mais cómodo, para quem “ganha milhões,” é converter a carteira de investimentos mobiliários ou imobiliários numa sociedade de investimentos e domiciliá-la em terras menos avenezueladas. Quem “ganha milhões” e ainda assim declara e paga impostos em Portugal está já neste momento a estudar as suas opções. (Na verdade, desculpem-me a ingenuidade, essas opções já estão estudadas há muito, e nem sequer é pelos próprios, mas pelas sociedades de consultoria financeira.)

Já aqueles que, para além do seu trabalho, ganham umas centenas de Euros mensais com imóveis arrendados ou dividendos e entregam já quase um terço (28%) ao Estado, esses pensarão seriamente em livrar-se dos seus investimentos e guardar o dinheiro improdutivamente ou gasta-lo. Para além de poderem passar a pagar ainda mais sobre esse complemento de rendimento, habilitam-se a subir de escalão de IRS se forem forçados a englobar. Valerá a pena correr o risco de lhes calhar um inquilino incumpridor ou pouco assíduo, ou de a empresa em cujas acções investiram o seu dinheiro entrar em dificuldades, suspender os dividendos ou até falir? Mais vale meter o dinheiro numa conta à ordem ou a prazo (é igual hoje em dia). Os amiguinhos banqueiros do Bloco ficarão também muito contentes! 😍

E claro, haverá muita pequena propriedade arrendada que será rapidamente posta no mercado por pequenos proprietários assustados com esta perspectiva. E adivinhem que tipo de investidores virá rapar este novo fundo de tacho? Acertaram, serão os que “ganham milhões” e porventura até darão donativos ao Bloco de Esquerda juntamente com um sentido piscar de olho. 😉

Com este efeito, de uma só penada, destrói-se um dos poucos ascensores sócio-económicos existentes em Portugal e desfere-se um forte golpe no segmento de eleitorado mais temido pela esquerda: a classe média laboriosa que cultiva os velhos valores do esforço, da previdência, da poupança e da independência.

E, claro, há a fuga ao fisco, que medidas recentes contribuíram para diminuir, mas que voltará a aumentar se, para riscos iguais na fuga, cumprir as obrigações fiscais se tornar mais oneroso.

Também há o efeito sobre a confiança: paira desde já no horizonte uma nova ameaça sobre as poupanças e os investimentos dos cidadãos, porque, quem promete hoje estas medidas sem a mínima consideração pelas inevitáveis e graves consequências perversas que se seguirão, voltará no futuro a manifestar a sua irracionalidade económica, porventura de forma ainda mais destrutiva.

Nada negligenciável é o efeito a médio e longo prazo na economia da redução do capital privado. O aumento da tributação sobre rendimentos prediais e de capitais irá tirar capital das mãos dos pequenos investidores e aforristas — onde estava disponível para a iniciativa económica privada, podendo gerar, entre outras coisas, mais emprego — para as mãos do Estado, onde contribuirá para fortalecer os laços de dependência, já extremamente robustos em Portugal, que unem os tributários das benesses redistibutivas públicas aos políticos e aos partidos que controlam o aparelho do Estado.

Finalmente, há o efeito moral. O capital actualmente investido é o resultado do trabalho, do aforro e do investimento passados, que já foram objecto de tributação. A possibilidade de o investir e fazer crescer é uma fonte de esperança para os que se esforçam por poupar e esperam que um dia os seus esforços sejam recompensados com um pouco mais de conforto, segurança e independência na velhice, ou com a capacidade de ajudar os filhos na sua formação e nos primeiros embates da vida.

Nada disto se aplica aos que “ganham milhões” e aos seus filhos, alguns dos quais possuem prédios inteiros na capital e votam no Bloco de Esquerda — quando não fazem até parte dele...

A pobreza de um povo não é um destino. É uma obra incessante da esquerda.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Nova Contribuição Portuguesa para a Sepultura da Europa


Ao aceitar receber dez dos 147 migrantes a bordo do navio da ONG Espanhola Open Arms, Portugal volta a participar na manutenção do sistema de incentivos que recompensa as renovadas tentativas de migração ilegal para a Europa.

Esta capitulação política diante da migração ilegal de massas é a principal responsável pela multiplicação de mortes no Mediterrâneo ao encorajar mais pessoas a tentar a sua sorte.

A esmagadora maioria dos migrantes ilegais que atravessam algumas milhas do Mediterrâneo para logo serem colhidos pelos navios-táxi das ONG são homens em idade militar. Muitos deles declaram-se menores.

Um lugar "garantido" pelos traficantes custa à volta de 5000 Euros. ("Garantido" porque em caso de falhanço e sobrevivência, os traficantes "garantem" nova tentativa.)

A maior parte destes migrantes ilegais são indivíduos à procura de oportunidades económicas, a começar pela assistência social garantida pelos países Europeus. Poucos são verdadeiros refugiados, vítimas de guerra ou de perseguição política.

Muitos deles acabarão envolvidos em crimes, como Issa Mohammed, um Jordaniano que se fez passar por Sírio e que há poucos dias assassinou com uma espada de Samurai o seu colega de apartamento, Wilhelm L., por temer que este revelasse a sua identidade às autoridades alemãs.

Ou como Habte Araya, o emigrante Eritreu na Suiça que, no mês passado, na estação central de Frankfurt, empurrou para a frente de um comboio em movimento uma mãe e o seu filho pequeno causando a morte da criança. Araya chegou a figurar numa brochura promovendo a "integração de sucesso."

Apesar de estas notícias serem sistematicamente omitidas em Portugal e bastante silenciadas noutros países, a verdade é que a criminalidade e a insegurança directamente resultantes dos fluxos migratórios descontrolados dos últimos anos não cessam de crescer e constituem um barril de pólvora europeu que irá explodir brevemente.

Quem, como eu, for a Itália e visitar uma cidade como Parma ou, perto desta, a pequena cidade de Reggio Emilia, e vir a enorme quantidade de africanos jovens e do sexo masculino (18-40), montados em bicicletas ou a pé, com revolta nos olhos, a cruzar incessantemente e sem destino aparente as ruas da cidade, compreende porque é que os italianos votam em Salvini e se preparam para lhe dar uma vitória esmagadora caso o Presidente italiano convoque novas eleições para breve.

Quem, como eu, for ao sul de França e visitar uma das suas pequenas cidades, como Arles, onde, não fosse a arquitectura, se julgaria não em França mas em Marrocos, compreende porque é que o Rassemblement National foi o partido mais votado em França nas últimas eleições Europeias.

Fora da zona metropolitana lisboeta, Portugal tem sido em grande medida poupado a este fenómeno. Dada a censura de que este tema é objecto, a maior parte dos Portugueses desconhece que, na Europa Ocidental, está em curso um processo que, a termo, levará à substituição das populações autóctones por populações de origem extra-europeia, e ao fim das culturas nacionais europeias. Ao contrário do que alguns sustentam, o grand remplacement, ou grande substituição, como lhe chama o escritor francês Renaud Camus, não é uma "teoria." É um fenómeno. Observável.

O principal candidato a novo cimento aglutinador cultural e civilizacional da Europa é o Islão, que não é apenas uma religião, como também é um sistema político e, como o descrevem os seus proponentes, "um modo integral de vida." Face à pujança demográfica dos seus sujeitos, à determinação dos seus paladinos, à virulência da sua doutrina, e à colaboração dos idiotas úteis da esquerda, que julgam ver nos sujeitos do Islão o novo proletariado que hão de cavalgar, quem se lhe poderá opor?

Certamente que não os sofisticados Cristãos Europeus que, na sua maioria, não crêem senão molemente na sua fé; tão pouco os políticos tíbios, a quem basta acenar com uma bandeira de vítima para logo se dobrarem em concessões e desculpas; finalmente, não serão os seculares, os laicos, os ateus ou os agnósticos, rebatidos nas suas pequenas esferas pessoais, a defender as tradições Europeias das Luzes, da Racionalidade e da Urbanidade.

Com os seus bons sentimentos, os Europeus cavam a sepultura da sua civilização e traem os sacrifícios dos seus antepassados.