terça-feira, 13 de novembro de 2018

Angela Merkel e o rompimento da Europa



É verdade: se alguma pessoa foi singularmente determinante para a decisão dos britânicos saírem da União Europeia, essa pessoa foi Angela Merkel ao abrir incondicionalmente as portas da Europa a todo e qualquer um que se apresentasse à porta. Decerto que até ao fim dos seus dias a chanceler não verá à volta de si, na zona privilegiada onde residirá, as consequências dramáticas da migração em massa. Mas essas consequências estão à vista de todos. Em Londres, a subida abrupta de roubos de motorizada, de ataques com faca e de homicídios é uma consequência directa da imigração irrestrita de populações que não têm qualquer interesse em adaptar-se a um país que não é uma terra de acolhimento mas sim de conquista.


Recentemente, veio a lume que o Reino Unido recusou asilo a Asia Bibi, uma verdadeira candidata a refugiada que, depois de passar oito anos em prisão solitária à espera da morte, apesar de ilibada pelo supremo tribunal do Paquistão de acusações espúrias de "blasfémia", não tem ainda assegurada a liberdade de sair do país, onde a sua vida corre risco, ou a garantia de acolhimento numa terra estrangeira. As razões de tal recusa prendem-se, ao que consta, a considerações de segurança interna. Trocado em miúdos: o governo britânico teme a reacção adversa da sua "comunidade" islâmica e renuncia, por isso, a fazer o que está certo. E perde, ao mesmo tempo, mais uma oportunidade de deixar bem clara à população muçulmana a mensagem: "Estes são os valores de tolerância, respeito mútuo e liberdade de opinião e de culto que estão na base do nosso contrato social. Quem não concordar, é livre de sair.”

(Para quem não souber: Asia Bibi é cristã num país islâmico, e esse parece ser o seu verdadeiro crime.)

Todos os dias vejo os países europeus abdicar dos princípios básicos que regem as suas culturas cívicas. A coragem cede o lugar ao medo. A franqueza recua diante da ideia mirabolante segundo a qual uma palavra que possa ofender o membro de algum "grupo" não pode ser proferida. A menos, é claro, que a palavra ofensiva, senão mesmo o acto de violência, provenha de um membro de um grupo "protegido", caso em que as autoridades de toda espécie fecham abjectamente os olhos.

Como é caso das violações colectivas em Rotherham e noutras cidades britânicas, perpetradas por muçulmanos paquistaneses sobre raparigas — crianças, na realidade, algumas com 11 e 12 anos —"brancas" ou seja, identificadas pelos agressores como britânicas "de gema" e, muito particularmente, como não-muçulmanas, carne fácil, kaffirs às quais as regras de humanidade a que, entre si, enquanto muçulmanos, estão obrigados, não se aplicam. Estes abusos ocorreram durante décadas, alimentados por um sentimento e, na realidade, por uma certeza de impunidade, face a autoridades demasiado aterrorizadas pela possibilidade de serem apodadas de racistas para fazerem outra coisa que não desviar o olhar irresponsável. Segundo pessoas com conhecimento do terreno, estes abusos não acabaram quando foram tornados públicos (pelo jornal The Times), nem tão pouco agora, que a ponta do iceberg passa pelos bancos dos tribunais britânicos.

Pontas de iceberg despontam aqui e ali, como as violações e ataques sexuais em massa na passagem de ano de 2016, não só na cidade de Colónia como em outras cidades alemãs, e mesmo noutros países europeus, como a Suécia. Quem julgar, pelo desaparecimento de tais fenómenos dos principais meios de comunicação, que não passou de um acidente, de uma coincidência colectiva bizarra que desde então se evaporou, deve-o exclusivamente à sua própria ingenuidade. As violências sexuais e outros tipos de agressões perpetradas por migrantes e descendentes não-integrados, resultantes não apenas da recente vaga de migração ilegal massiva como de anos de política migratória laxista, continuam a afectar a vida de milhões de europeus, particularmente os mais pobres e vulneráveis, que não podem, como a senhora Merkel e a bem falante nata das sociedades europeias, viver em bairros caros onde, com a ajuda do silêncio vergonhoso dos jornalistas e dos algoritmos censores dos "social media", podem apagar do seu mapa da realidade as consequências da sua incúria e da sua cobardia.

Em resultado dessa incúria e dessa cobardia, perdemos a companhia dos britânicos, mas ficamos ainda condenados a mais dois anos de reino da imperatriz alemã, que não tendo descendência e estando, por isso, privada do mais pessoal interesse no futuro que um ser humano pode ter, resolveu um dia fazer da Europa o seu seio e oferecê-lo ao mundo num acto de atroz egoísmo que nenhum manto de bons sentimentos altruístas conseguirá algum dia disfarçar.

Contra todas as evidências, o triunvirato europeu, composto pela chanceler alemã, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, continua a defender os erros trágicos da migração de massa para a Europa e da dissolução das suas comunidades nacionais e locais. Talvez não seja um mero acidente que os três partilhem a essa mesma carência: nenhum deles tem filhos.