sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

No comprendo

“É difícil fazer um homem compreender uma coisa quando  o seu salário depende de que ele não a compreenda.” Upton Sinclair



Os estudos estatísticos do Prof. John Ioannidis sobre a epidemiologia do SARS-CoV-2 são considerados o padrão de ouro na matéria e são frequentemente invocados para explicar que este vírus comporta na realidade um risco de morte relativamente reduzido e pouco maior do que o representado pela influenza.


Com efeito, um primeiro estudo [1] do Prof. Ioannidis situa a mortalidade geral da infecção pelo SARS-CoV-2 à volta de 0,15%, ao passo que um estudo posterior [2], recentemente actualizado, estuda a mortalidade por estrato etário, exibindo a grande variabilidade de uma mortalidade virtualmente inexistente nos 0-19 anos e que atinge os 4% a 4,9% nos idosos (definidos como +70 anos mas incluindo amostras onde este grupo é definido como +65 ou até +60).


Falando em termos muito gerais, os estudos do Prof. Ioannidis usam a "seroprevalência" de anticorpos que se estima indiciarem a infecção pelo SARS-CoV-2 e os dados oficiais de mortes atribuídas à Covid-19.


A mortalidade é obtida mediante a relação entre número de mortes atribuídas à Covid-19  (numerador) e número de pessoas "seropositivas" (denominador).


Naturalmente, estes números são sujeitos a operações de filtragem, calibragem e ajustamento segundo "regras da arte" da estatística, da demografia e da epidemiologia, assim como em função das particularidades das situações.


Se a fiabilidade dos critérios e das medidas de seropositividade são eminentemente questionáveis, porquanto a sua especificidade foi calibrada tendo como padrão os altamente questionáveis testes PCR, os dados oficiais das mortes atribuídas à Covid-19 são ainda mais questionáveis.


Na medida em que dependem dos testes PCR, que sabidamente produzem uma proporção variável mas significativa de falsos positivos, os números das mortes oficiais são, como os números da seropositividade, inflacionados.


No entanto, para além da dependência dos testes PCR, os números oficiais de mortos “por” Covid-19 contêm pelo menos 3 factores adicionais de inflação.


1. O mais flagrante é o critério quase(?)-universalmente aplicado de atribuição dos óbitos à Covid-19 mediante a existência de teste positivo nos 28 dias anteriores à morte ou mesmo post-mortem. Isto independentemente da causa real de morte ou sequer da presença de um qualquer sintoma associado à Covid-19.


2. Acresce que, em diferentes países, a mera suspeita de Covid-19, pelo médico que certifica o óbito, Covid-19, sem teste, permite fazer a atribuição da morte à Covid-19. Isto apesar da coincidência da grande maioria dos sintomas da Covid-19 com os de outros vírus causadores da gripe sazonal.


3. Finalmente, recorde-se os importantes incentivos pecuniários para profissionais de saúde e instituições de saúde em função da presença e do número de doentes, ventilados e mortos com Covid-19.


Nos dois estudos académicos citados, o Prof. Ioannidis, reconhecido mestre na arte da crítica e do criterioso ajustamento dos dados brutos para minimizar toda a espécie de enviesamentos e de distorções, abstém-se de considerar estes factores polémicos, não obstante a sua realidade e óbvio peso na construção dos números oficiais dos óbitos Covid-19.


Destes factores adicionais de inflação resulta que o número de mortes Covid-19 é necessariamente mais inflacionado do que o dos seropositivos, pelo que mesmo os valores surpreendentemente baixos da mortalidade da Covid-19 apurados pelo Prof. Ioannidis se encontram eles próprios inflacionados.


Esta foi a primeira epidemia (ou pandemia) na história cuja existência e duração dependeu, não da acumulação de mortes pela peste que cada um constataria à sua volta, mas de um esforço sem precedentes de propaganda, de censura e de repressão policial à escala planetária.


Cada um sabe que estas forças geram imediatamente reacções de auto-censura, particularmente no meio académico. Tenho poucas dúvidas acerca da grande inteligência ou da grande competência científica do Prof. John Ioannidis, pelo que apenas a auto-censura pode explicar a elisão, no seu estudo, da ponderação dos referidos factores de inflação dos óbitos atribuídos à Covid-19.


Até porque estes factores não são meramente acidentais. Pelo contrário, são dispositivos deliberadamente posicionados pelos arquitectos da fraude pandémica e disciplinadamente executados por governos, burocratas, administrativos e pessoal de saúde.


Parece-me cada vez mais possível que este ataque aos povos do mundo acabe por falhar nos seus propósitos últimos de instauração de um regime totalitário global face à crescente resistência auto-organizada de minorias activas nos quatro cantos do mundo.


Se assim for, não ficarei surpreso caso os Ioannidis do futuro, conduzindo livremente as suas investigações, venham a concluir que a mortalidade real da pseudo-pandemia dos idos anos 20 foi inferior à da gripe sazonal.



[1] Reconciling estimates of global spread and infection fatality rates of COVID‐19: An overview of systematic evaluations

[2] Infection fatality rate of COVID-19 in community-dwelling populations with emphasis on the elderly: An overview


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